domingo, 3 de julho de 2011

Sinceridade



Talvez eu não consiga me expressar de forma correta.
As palavras nunca conseguem subtituir os sentimentos...
Não tenho como transpor isso para o mundo digital, mas posso, em minhas breves palavras colocar aqui uma parte dos meus pensamentos.
Depois de muita luta e garra, infelizmente na sexta-feira de manhã meu pai nos deixou.
Nos últimos anos, apesar de morar nos fundos de sua casa, na parte superior de sua oficina (onde ele fazia suas mágicas e voodoo para reconstruir os instumentos musicais) não nos falavamos.
Tive o prazer de viajar com ele para a Itália em 2004, e conhecer uma parte da terra onde ele e minha mãe viveram e, depois fugiram no final da segunda guerra, por falta de oportunidades e por se amarem.
Após retornarmos tivemos uma discussão que pos fim as nossas conversas.
Problemas de família...
Não vou me prender a isto, pois são coisas que passaram.
Após ficar doente, a uns seis meses, soube noticias dele pelo amigo de meus pais, Sérgio, que na verdade sempre foi mais da família que um amigo.
Por várias vezes meu pai teve baixa hospitalar.
Em sua última passagem, já a alguns dias no hospital, no sabado a noite minha irmã ligou dizendo que ele queria falar comigo. No domingo eu e o meu filho Bruno fomos visitá-lo. Deixei ele falar por 50 minutos, quando as vezes o interrompia para que pudesse recuperar o folego.
Depois de uma alta de poucas horas, na segunda-feira, em casa com dificuldades para respirar retornou para o pronto-socorro. Foi para um quarto na terça-feira e lutou pela vida até o momento que subumbiu e fomos avisados.
Foi muito bom que pudemos, nesse breve periodo, conversar e nos entender.
Ele precisava disso, e eu também.
Sua despedida, no Memorial São José, foi muito bonita.
Não sei dizer com quantas pessoas conversei, recebi os sentimentos, carinho e principalmente lembranças de sua história e aventuras por onde passou.
Amigos presentes, amigos que não via a muito tempo, verdadeiros amigos estiveram ali para dar seu último adeus.
Não usem minhas palavras fora do contexto, não me julguem, não digam que eu fui ruim por não ter me relacionado com ele por tanto tempo. Tivemos nossos motivos para isto e por fim resolvemos nossos conflitos.
Fico aliviado por saber que ele não está mais sofrendo e agora está feliz com a minha mãe, Gabriella. Ele, na verdade também vai encontrar sua irmã Luciana, seu irmão Paulo, sua mãe Zayda, seu pai Ettore. Ele também se junta a tantos outros amigos do meio musical que foram lembrados em nossas conversas no Memorial.

Adeus meu pai.
Adeus minha mãe.
Voces ficam para sempre em meu coração...

Um comentário:

Jana Gamba [Penny Lane] disse...

Conheci teu pai há muitos anos. Dos 13 aos 21 fui violinista, e ele reformou meu instrumento para mim. Pessoa incrível ele. Em outro momento, tive o prazer de ter de fazer uns retratos dele. Nunca passei horas tão agradáveis com uma pessoa de idade como as que passei com ele na vezes em que fui visitá-lo. Sempre sorrindo, sempre fazendo piadas, sempre tagarela. Ele inclusive me disse que tinha apenas 28 anos! Mostra como ele tinha um espírito jovem e uma alma cativante. Confesso que fiquei bem abalada com a notícia da morte dele, inclusive nunca te falei nada por advertência da Carol.
Eu acredito que os seres que nos são queridos nunca morrem enquanto vivem dentro da gente. E dentro do meu coração, do teu, do Bruno, da Carol, e de mais de um monte de gente, seu Eugênio vai brilhar como uma estrela para sempre.
Força sempre e no que precisar, estou sempre por aí. Abraços!!